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  • Dó móvel ou dó fixo?

    Um método de ensino é um conjunto de regras e princípios que orientam a prática pedagógica, devendo ser entendido como o meio através do qual atingimos um fim. Existem vários métodos dirigidos para o ensino do solfejo. No solfejo fixo, as sílabas especificam o nome das notas, independente da função. Muitos estudiosos argumentam que o método é excelente para o desenvolvimento do ouvido absoluto, o que ainda é matéria controversa. No solfejo fixo, a notação musical é a referência, e as notas são sempre designadas pelo mesmo nome: sol, solb ou sol#, por exemplo, será “sol”; já o intervalo dó–mi, dó#–mi, dó–mib ou dó#–mib será “dó-mi”. Alguns professores focalizam a atenção no ensino dos intervalos, isolando-os do contexto musical. Este método parece ser útil quando o regente precisa resolver problemas de afinação específicos, nas passagens mais difíceis do repertório. Quanto ao solfejo relativo, os nomes das notas são referências que ajudam a estabelecer a distância entre os graus da escala, uma vez que a atribuição dos nomes das notas é feita com base na análise harmônica e não apenas na notação musical. O solfejo é funcional, e a transposição é a essência do método. Para qualquer tom no modo maior, o modelo é sempre a escala de dó, enquanto no modo menor a referência é a escala de lá. As notas alteradas podem receber diferentes nomenclaturas, dependendo do contexto no qual se inserem. Tomando dó como ponto de partida, temos a seguinte escala cromática ascendente: dó, di, ré, ri, mi, fá, fi, sol, si, lá, li, ti. Em sentido descendente, temos: dó, ti, te, lá, le, sol, se, fá, mi, me, ré, ra, dó. O método móvel, que tem suas origens associadas ao sistema hexacordal desenvolvido por Guido D’Arezzo, ganhou força e projeção com o trabalho de Zoltán Kodály, na Hungria, na primeira metade do século XX. Alguns educadores, ao invés de sílabas, utilizam números no ensino do solfejo relativo. Os números especificam os graus da escala, e o primeiro grau é sempre a tônica. O uso dos gestos (manossolfa) também contribui para a aprendizagem, facilitando a internalização das relações entre as diversas alturas, exigindo mais atenção do aluno. Cada método apresenta vantagens e desvantagens. Cabe ao regente avaliá-las e escolher aquele que atende às suas necessidades, pois mais importante que o método é a forma como o professor o utiliza. Além disso, se o educador domina o método, o resultado será refletido no trabalho dos alunos. Assim, a nossa prática coral, ainda baseada na memorização do repertório através do exaustivo e insignificante processo de repetição, adquirirá novo sentido e, finalmente, colheremos os frutos de uma ação planejada e objetiva. Vladimir Silva

  • Canções para sorrir e sonhar

    As obras do livro Canções para sorrir e sonhar nasceram quando os meus filhos, Vinicius e Sofia, iniciaram a vida escolar. Desde os primeiros dias de aula, os dois estiveram envolvidos em inúmeras atividades e projetos, sempre encarando os novos desafios e situações com o auxílio da música. Sentindo a necessidade de criar um material didático-musical que pudesse auxiliá-los na compreensão dos conteúdos estudados e das experiências que vivenciavam, comecei a escrever o presente repertório. Os textos das peças abordam o corpo, as noções de direção, espaço, tempo e forma, a família e a natureza, temas pertinentes à educação básica. Os elementos do imaginário infantil, a exemplo das fadas e bruxas, também estão incluídos, bem como assuntos mais complexos, como, por exemplo, a mudança da dentição. Todo esse conjunto de ideias é tratado numa perspectiva lúdica, estimulando a imaginação, o jogo, a brincadeira. As canções, de forma geral, são curtas, predominantemente diatônicas, com ritmos simples e confortável âmbito vocal. As cifras permitem o acompanhamento com qualquer instrumento harmônico. Todas as músicas estão escritas numa região cômoda, média-aguda, pois a meta é estimular a expansão desse registro nas vozes infantis e infantojuvenis. As famílias e os(as) educadores(as) podem transpor as peças, adequando-as às realidades nas quais estão inseridos(as), tornando o cancioneiro acessível ao nível de desenvolvimento músico-vocal dos(as) seus(suas) filhos(as) e alunos(as). É possível combinar vozes e instrumentos na execução das obras, que podem ser arranjadas de acordo com os recursos disponíveis. A associação entre som e movimento é importante para a aprendizagem musical, razão pela qual a inserção de coreografias pode contribuir para a consistência do processo interpretativo. As indicações de tempo e sugestões de ritmos de danças também podem ajudar nessa construção. Muito embora as canções tenham sido escritas orginalmente para crianças, elas também podem ser interpretadas por solistas, coros de vozes afins ou mistos. Nos últimos anos, tenho me dedicado a reescrevê-las, adaptando-as para três e quatro vozes, ampliando, assim, a literatura coral brasileira e as possibilidades de escolha de repertório das famílias, dos(as) educadores(as) e músicos em geral. Nada disso teria sido possível sem a colaboração de muitas pessoas. Gostaria de agradecer aos meus filhos e esposa, por toda a inspiração; aos irmãos e educadores(as) Marcílio, Stella, Bernadete, Márcia e Socorro Rangel; aos alunos e professores do Instituo do Dom Barreto, na cidade de Teresina, Piauí, que me desafiaram e cantaram grande parte do repertório contido na coletânea; ao corpo discente com o qual tenho trabalhado, que também sorriu, sonhou e até chorou cantando essas canções. Por fim, minha gratidão a Sabrina Cipriano, que fez as ilustrações que integram esse ecossistema, e a Everton Avelino, da Editora Birosca do Meroveu, que tornou meu sonho possível. Vladimir Silva

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