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Livros de solfejo: Melodia

Atualizado: 14 de jan.

Melodia: A Compreenhesive Course in Sight-Singing, organizado por Samuel W. Cole e Leo R. Lewis, foi publicado nos Estados Unidos no início do século XX. O livro, cujo título em português é Melodia: um curso completo para leitura à primeira vista e que pode ser adquirido gratuitamente aqui, está dividido em quatro partes, apresentando exercícios mono e polifônicos, diatônicos e cromáticos, em diferentes tons, modos e métricas.


As atividades apresentam graus de dificuldade crescente. Boa parte daquelas que estão em uníssono foram também escritas na clave de fá, permitindo que todas as vozes se familiarizarem com a leitura em múltiplas claves. As que são a duas partes podem ser cantadas por vozes iguais ou mistas, em pares e também de maneira invertida, isto é, sopranos e contraltos cantam a voz inferior e vice versa. Esses duetos funcionam igualmente nas aulas individuais de canto. Alguns exemplos foram extraídos da literatura musical produzida entre o Renascimento e o período Romântico, o que quer dizer que estamos lidando com repertório. A inexistência de indicação de fraseado e variação de dinâmica, por exemplo, é um convite para que os intérpretes explorem distintos aspectos da estrutura musical em questão. O objetivo dos autores é preparar os (as) cantores (as) para que eles/elas possam interpretar a vasta literatura coral disponível no mercado da melhor forma possível, o que contempla cantar no tempo, afinado, com técnica e expressivamente.


Há quem refute as proposições de Cole e Lewis por considerá-las antiquadas, porque são eurocêntricas ou porque elas não estão vinculadas ao nosso contexto cultural, argumentos válidos, em certa medida, mas que não tiram o mérito da obra. Eu gosto da proposta e a utilizo em diversas situações, ciente das suas limitações e possibilidades. Como sou adepto da relativização, leio os exercícios nesse prisma, embora tenha consciência de que o compêndio fora concebido sob a perspectiva do solfejo fixo. Faço isso porque sei que nenhum método, per si, assegura o desenvolvimento de qualquer habilidade. É a maneira como nós o utilizamos, a relação que estabelecemos com ele, que nos leva a atingir resultados mais ou menos eficazes.


Dedicar parte do ensaio para o aprimoramento da leitura à primeira vista é um investimento válido para incrementar a performance de um grupo, razão pela qual essa prática pedagógica, seja por meio do sistema Dó-Fixo, Dó-Móvel ou em conexão com o repertório, precisa estar presente em nossa agenda. Minha recomendação é adotar as metodologias com as quais nos identificamos e conhecemos. De resto, eu acredito que, assim como uma obra não pode ser estigmatizada por conta da sua idade e procedência, não nos cabe condenar quem ainda acredita no solfejo como um dos caminhos para o fortalecimento da autonomia dos (as) nossos (as) coralistas.


Vladimir Silva


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