Pedro Marinho de Oliveira (Princesa Isabel-PB,
1917 - ?) estudou música, durante as primeiras décadas de vida, em sua terra
natal, Recife e João Pessoa, cidade na qual ingressou como músico no 22º Batalhão
de Caçadores (atualmente o 15º BIMtz), em 1935, época em que também foi
orientado por Gazzi de Sá. Posteriormente, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde
cursou harmonia, contraponto e fuga, provavelmente no Conservatório Nacional de
Canto Orfeônico. Antes, porém, trabalhou como professor e regente na cidade de
Patos, sertão paraibano. Registros indicam a presença dele na Filarmônica 26 de
julho, por volta de 1940. Em seu currículo consta ainda um período de formação na
University of Chicago.
No primeiro Congresso de Música do Nordeste,
promovido pela Sociedade de Cultura Musical, em 1949, Pedro Marinho falou sobre
a técnica musical nas composições de Wagner. Em 1966, escreveu a Missa em Aboio, certamente sua obra mais
conhecida e que foi estreada neste mesmo ano no Festival de Música Sacra realizado
em Paty dos Alferes, Rio de Janeiro, no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno.
O Ars Nova, Coral da UFMG, regido por Carlos Alberto Pinto Fonseca, interpretou-a
nesta primeira audição mundial. A missa, para coro misto a cappella, segue, de certo modo, as diretrizes do Concílio
Vaticano II, dialogando com os elementos da cultura tradicional da região,
incluindo os aboios, as cantigas de cego, o modalismo. As síncopes asseguram a
vivacidade rítmica da peça, que foi gravada pelo referido coro numa produção do
selo Festa (LDR 5029, 1966 - ouça).
A produção composicional de Pedro Marinho é
diversificada e inclui obras instrumentais e vocais para diferentes formações.
Em 2011, ouvi seu Romance, interpretado pela Orquestra de Câmara de João Pessoa, sob a direção de Carlos Anísio, no
Festival Internacional de Música de Campina Grande. No ano seguinte, inseri a Missa em Aboio no repertório do Coro de
Câmara de Campina Grande, apresentando-a nos estados do Mississippi, Louisiana
e Alabama, nos EUA.
Como docente, trabalhou em várias
instituições, a exemplo da Universidade de Goiás. O jornalista Pedro Marinho,
xará do compositor, comenta num artigo publicado no jornal A União, em 2011,
que entre 1995 e 1996 ele estava morando em Carpina-PE, ocasião na qual escrevera
para Domingos de Azevedo lamentando o fato de ser “músico exaltado no Sul do
Brasil, Estados Unidos, Europa e segregado na Paraíba.” Desconheço o paradeiro
das suas peças, bem como estudos sobre sua vida e composições, que precisam ser
encontradas, editadas, analisadas e divulgadas, aqui e no exterior, voltando às
salas de concertos, mudando a triste realidade relatada por ele há mais de duas
décadas. Esse é mais um desafio para a preservação da nossa memória e uma forma
de assegurar-lhe um lugar merecido na história.
Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)
domingo, 14 de junho de 2020
Search
Quem sou eu

- Vladimir Silva
- Sou paraibano, natural de Campina Grande. Fui seduzido pela arte, pela música e pela literatura há muito tempo. Atualmente, leciono nos cursos de graduação e pós-graduação em Música da UFCG e da UFPB. Sempre estou aqui e acolá, regendo e cantando, ensinando e aprendendo, ouvindo e contando histórias. Meu perfil profissional completo pode ser acessado na Plataforma Lattes (CNPq): http://lattes.cnpq.br/5912072788725094
Nenhum comentário:
Postar um comentário