Clóvis Pereira nasceu em Caruaru-PE, em 1932.
Filho de pai músico, ao mudar-se para Recife, por volta dos anos cinquenta, deu
continuidade aos estudos no Conservatório Pernambucano de Música e na Escola de Belas
Artes da UFPE, instituições em que teve contato com nomes de referência, a
exemplo do compositor Guerra-Peixe, e das quais viria a ser professor
posteriormente. Sua formação acadêmica também inclui uma temporada na Berklee
College of Music, em Boston, nos Estados Unidos. Em seu catálogo composicional
encontram-se obras vocais e instrumentais para diferentes formações, algumas
com grande notoriedade por conta da conexão com o Movimento Armorial.
Como docente, atuou em diferentes universidades.
Na UFPB, além de lecionar, regeu o Coral Universitário da Paraíba, grupo com o
qual representou o Brasil, em 1974, no Fourth International Choir Festival, apresentando-se no Kennedy Center (Washington, D.C) e no Lincoln Center (Nova Iorque, NY). Um dos
trabalhos mais representativos que ele realizou em João Pessoa, nesta época,
foi a Grande Missa Nordestina,
escrita para solistas, coro e orquestra de câmara, em 1977, criação que reitera
seus vínculos com a proposta estética encabeçada por Ariano Suassuna. Encomendada pela UFPB para celebrar o primeiro ano de
gestão do Reitor Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, esta obra-prima está
dividida em cinco movimentos (Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus-Benedictus
e Agnus Dei) e foi gravada pelo coro
da referida instituição, no auditório do CPM.
O lançamento do LP, com selo Marcus Pereira, ocorreu em 1978. Posteriormente, ele revisou a Missa, acrescentando outros instrumentos (vídeo).
Clóvis Pereira escreveu arranjos antológicos.
O pato (Jayme Silva - Neuza Teixeira),
por exemplo, sintetiza a essência da bossa nova, com suas harmonias e
síncopes, e parece ter sido inspirado nas big
bands e orquestras de frevo, cujas sonoridades eram familiares ao
compositor. Aliás, essa releitura e a de Garota
de Ipanema (Tom Jobim - Vinicius de Morais) foram dedicadas ao Coral da
UFPB, Campus II, regido por Nelson Mathias. Numa pesquisa que realizamos,
descobrimos que o regente da capital, querendo desafiar o agrupamento de
Campina Grande, escrevera este último a oito vozes e de forma bem complexa. Na
partitura manuscrita, inclusive, há um registro do arranjador, dizendo que ele
teria iniciado a escrevê-lo às 8h30min, do dia 25 de maio de 1979, e terminado
às 15h00min do mesmo dia. Um mês após aceitar o desafio, ele ouviu a estreia
da peça que havia escrito, reconhecendo a excelência do trabalho
apresentado por Nelson (vídeo).
A passagem do maestro Clóvis Pereira pela
Paraíba ampliou os horizontes musicais em nosso estado, enriquecendo sobremaneira a atividade coral. Seu vasto corpus está
aí para ser editado, publicado, estudado e interpretado, não só pelo valor
histórico que possui, mas porque é belo e transcende a essência desse
povo-tempo-lugar.
Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)
*Sobre o Canto Coral na Paraíba, veja também: Antônio Guimarães, Eli-Eri Moura, Gazzi de Sá, Grupo Anima, José Alberto Kaplan, Nabor Nunes, Nelson Mathias e Célia Bretanha Junker, Reginaldo Carvalho, e Tom K.
sábado, 25 de abril de 2020
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Quem sou eu

- Vladimir Silva
- Sou paraibano, natural de Campina Grande. Fui seduzido pela arte, pela música e pela literatura há muito tempo. Atualmente, leciono no curso de música da UFCG. Sempre estou aqui e acolá, regendo e cantando, ensinando e aprendendo, ouvindo e contando histórias. Meu perfil profissional completo pode ser acessado na Plataforma Lattes (CNPq): http://lattes.cnpq.br/5912072788725094

2 comentários:
SHOW! Esse canal é enriquecedor, e nos levando a uma viagem sem fim pelo mudo da música, por caminhos pavimentados, com sinalizações corretas... uma viagem agradável, com uma amiga companheira (a música)! Parabéns, Prof; Dr. Vladimir. Segue em frente!!
Querido Ralmon, grato pela sua companhia. Espero que os textos tenham ajudado você de alguma forma. Abraço.
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