segunda-feira, 7 de outubro de 2019

O Canto Coral na Paraíba: Antônio Guimarães

Antônio Guimarães Correia (Campina Grande-PB, 1934-2009), regente e compositor, desenvolveu intensa atividade na região polarizada pela Rainha da Borborema. Muito embora tenha recebido as primeiras lições musicais no seio familiar, com o pai e o tio-avô, foi em Maceió, no Seminário Santo Antônio, que recebeu formação sistemática dos Frades Menores Capuchinhos, estudando teoria, órgão e piano.

Ainda na capital alagoana, iniciou suas atividades profissionais como organista na Capela Santa Rita, no Farol. Posteriormente, quando fixou residência por aqui, no início da década de cinquenta, passou a reger corais, destacando-se o da Juventude Operária Católica (1957). O Coral Uirapuru (1959), muito embora tenha começado a funcionar como um grupo masculino, logo tornou-se um conjunto misto, com atuação intensa e ininterrupta por quase cinco anos, apresentando-se em várias cidades da Paraíba e outras regiões.

Como professor de Canto Orfeônico, o maestro trabalhou no Colégio Alfredo Dantas (1958), no Estadual de Campina Grande e na Escola Normal (1964), onde regeu um grupo com setenta normalistas. O Coral Uiraxuê (1969), pouco tempo após a sua criação, foi transformado no Coral Universitário da URNe (Universidade Regional do Nordeste). Um dos pontos altos da sua trajetória foi a época em que trabalhou na Fundação Artístico-Cultural Manuel Bandeira (FACMA), entidade na qual dirigiu o FACMADRIGAL (1970). Na abertura do primeiro Festival de Inverno de Campina Grande (FICG), no dia 2 de julho de 1976, conforme observa Mônica Hermínio, Antônio Guimarães regeu o Hino da Cidade (vídeo - partituras), com acompanhamento da Filarmônica Epitácio Pessoa, participando nos dias seguintes, com o Coral do Teatro Municipal Severino Cabral, do I Encontro de Corais do FICG, ao lado de outros regentes, a exemplo de Clóvis Pereira (Coral da UFPB – Campus I) e José Beltrão da Cunha Jr. (Madrigal do Recife).

Sob a perspectiva composicional, escreveu música sacra e secular, vocal e instrumental, destacando-se, nesse contexto, os hinos que compôs para sua terra natal e outros municípios, incluindo Malta, Coxixola e Puxinanã, todas em nosso estado, bem como vários educandários, dentre eles o Regina Coeli e o Moderno 11 de Outubro e os institutos Santa Luísa de Marillac e Nossa Senhora da Salete, este último dirigido pela professora e ativista cultural Eneida Agra Maracajá, a idealizadora e diretora do FICG. O maestro também escreveu arranjos baseados em temas da tradição oral e da música popular, e um livro, Música Para Todos, publicado pela editora da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em 1983. Na semana em que celebramos os 155 anos de emancipação política da nossa cidade, o legado deste ilustre campinense nos leva a crer que, de fato, parte da “tua glória revive, Campina, na imagem dos homens [mulheres] audazes. Aguerridos [as] heróis [heroínas] de legendas, que marcaram as tuas fronteiras.”

Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)

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