O Réquiem Contestado é uma composição de Eli-Eri Moura sobre
o texto das exéquias latinas com adições de W. J. Solha. Dedicada à memória de
Franklin Albuquerque de Moura, sobrinho do compositor, é uma obra para narrador,
solistas (soprano e tenor), coro misto e orquestra de câmara (flauta, oboé,
clarinete, fagote, órgão, percussão e cordas), dividida em várias partes, a
saber: Introitus, Kyrie, Non credo, Confiteor, Gloria, Dies irae, Rex tremendae,
Confutatis, Communio e Sanctus.
A estreia ocorreu na primeira semana de novembro de 1993, no
Teatro Santa Roza. (Curiosamente, nesse mesmo período, o ex-governador da
Paraíba, Tarcísio de Miranda Burity, fora baleado no Restaurante Gulliver, por
seu adversário político, Ronaldo Cunha Lima, por conta de questões pessoais.) Participaram da world première Vianey Santos, Wanini Emery, Tião Braga, Coral
Universitário da Paraíba Gazzi de Sá e a orquestra de câmara, formada pelo
Quinteto da Paraíba, Quinteto de Sopros Latino Americano e outros músicos convidados,
tendo o próprio Eli-Eri Moura como regente (programa). A peça também foi interpretada em
Campina Grande. Posteriormente, o CORALUP incorporou alguns movimentos ao seu
repertório, apresentando-os frequentemente. Com o apoio da UFPB e da FIEP, o
registro fonográfico foi feito no Cine Banguê, no Espaço Cultural José Lins do
Rego, vinculado à FUNESC, na capital paraibana, em julho de 1995 (gravação, encarte). Vários
profissionais se envolveram neste processo, incluindo Odair Salgueiro
(Gravação), Tovinho (Masterização), Gustavo Moura (Fotografia), Ricardo Peregrino
(Direção de Produção) e Wilson Guerreiro e Marconi França (Design Gráfico).
A relevância do Réquiem Contestado para a literatura
coral-sinfônica é assegurada por seus aspectos literários
e musicais. Teologicamente, os versos de Solha potencializam o conflito entre a
soberania de Deus e a liberdade do homem. A inserção do Gloria, Confiteor e Credo
acentuam o caráter reflexivo da peça, tendo em vista que tais passagens não
integram o texto original da liturgia fúnebre. A orquestração, as passagens
para solistas, a estrutura harmônica e a recorrência às danças renascentistas
sublinham a inconfundível assinatura musical do seu autor.
Recentemente, recebi do compositor todos os manuscritos,
incluindo as partes cavadas. Muito embora o material esteja bem escrito e
preservado, existem movimentos incompletos e ainda não transcritos para a grade
geral, que precisam ser revisados, tendo em vista as várias alterações que
foram feitas entre a composição, os ensaios, a estreia e a gravação. Este
trabalho musicológico e interpretativo será fundamental para a preservação da
nossa memória, a difusão da arte paraibana contemporânea, bem como a sua
inserção no repertório de diferentes coros e orquestras. Eli-Eri Moura tem uma
vasta produção de música coral e na qual se inserem o Réquiem para um
Trombone e o Réquiem Contestado, que, finalmente, após vinte e seis anos
engavetado, será revisado, editado, publicado e oferecido novamente ao público.
Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)
quarta-feira, 1 de maio de 2019
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Quem sou eu

- Vladimir Silva
- Sou paraibano, natural de Campina Grande. Fui seduzido pela arte, pela música e pela literatura há muito tempo. Atualmente, leciono nos cursos de graduação e pós-graduação em Música da UFCG e da UFPB. Sempre estou aqui e acolá, regendo e cantando, ensinando e aprendendo, ouvindo e contando histórias. Meu perfil profissional completo pode ser acessado na Plataforma Lattes (CNPq): http://lattes.cnpq.br/5912072788725094
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