quarta-feira, 1 de maio de 2019

Réquiem Contestado

O Réquiem Contestado é uma composição de Eli-Eri Moura sobre o texto das exéquias latinas com adições de W. J. Solha. Dedicada à memória de Franklin Albuquerque de Moura, sobrinho do compositor, é uma obra para narrador, solistas (soprano e tenor), coro misto e orquestra de câmara (flauta, oboé, clarinete, fagote, órgão, percussão e cordas), dividida em várias partes, a saber: Introitus, Kyrie, Non credo, Confiteor, Gloria, Dies irae, Rex tremendae, Confutatis, Communio e Sanctus.

A estreia ocorreu na primeira semana de novembro de 1993, no Teatro Santa Roza. (Curiosamente, nesse mesmo período, o ex-governador da Paraíba, Tarcísio de Miranda Burity, fora baleado no Restaurante Gulliver, por seu adversário político, Ronaldo Cunha Lima, por conta de questões pessoais.) Participaram da world première Vianey Santos, Wanini Emery, Tião Braga, Coral Universitário da Paraíba Gazzi de Sá e a orquestra de câmara, formada pelo Quinteto da Paraíba, Quinteto de Sopros Latino Americano e outros músicos convidados, tendo o próprio Eli-Eri Moura como regente (programa). A peça também foi interpretada em Campina Grande. Posteriormente, o CORALUP incorporou alguns movimentos ao seu repertório, apresentando-os frequentemente. Com o apoio da UFPB e da FIEP, o registro fonográfico foi feito no Cine Banguê, no Espaço Cultural José Lins do Rego, vinculado à FUNESC, na capital paraibana, em julho de 1995 (gravação, encarte). Vários profissionais se envolveram neste processo, incluindo Odair Salgueiro (Gravação), Tovinho (Masterização), Gustavo Moura (Fotografia), Ricardo Peregrino (Direção de Produção) e Wilson Guerreiro e Marconi França (Design Gráfico).

A relevância do Réquiem Contestado para a literatura coral-sinfônica é assegurada por seus aspectos literários e musicais. Teologicamente, os versos de Solha potencializam o conflito entre a soberania de Deus e a liberdade do homem. A inserção do Gloria, Confiteor e Credo acentuam o caráter reflexivo da peça, tendo em vista que tais passagens não integram o texto original da liturgia fúnebre. A orquestração, as passagens para solistas, a estrutura harmônica e a recorrência às danças renascentistas sublinham a inconfundível assinatura musical do seu autor.

Recentemente, recebi do compositor todos os manuscritos, incluindo as partes cavadas. Muito embora o material esteja bem escrito e preservado, existem movimentos incompletos e ainda não transcritos para a grade geral, que precisam ser revisados, tendo em vista as várias alterações que foram feitas entre a composição, os ensaios, a estreia e a gravação. Este trabalho musicológico e interpretativo será fundamental para a preservação da nossa memória, a difusão da arte paraibana contemporânea, bem como a sua inserção no repertório de diferentes coros e orquestras. Eli-Eri Moura tem uma vasta produção de música coral e na qual se inserem o Réquiem para um Trombone e o Réquiem Contestado, que, finalmente, após vinte e seis anos engavetado, será revisado, editado, publicado e oferecido novamente ao público.

Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)

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