Eli-Eri Moura, natural de
Campina Grande, é pesquisador, professor, pianista, regente e compositor. Durante muitos anos,
inicialmente como funcionário e posteriormente como docente da UFPB, em João
Pessoa, atuou como diretor do Grupo Ânima e do Coral Universitário da Paraíba
“Gazzi de Sá”, exercendo papel relevante no estado.
Com o Ânima, dedicou-se à música
antiga, à montagem de renascenças, que eram interpretadas por vozes e um
consorte de flautas e percussão. Nos programas, destaque para a música de
tradição ibérica, os cancioneiros de Upsala e Palacio. Com esse ensemble,
apresentou espetáculos originais, que incluíam encenação. Os integrantes do
conjunto eram escolhidos criteriosamente, tinham larga experiência e, em alguns
casos, estavam vinculados ao movimento teatral, a exemplo de Tião Braga, Elton
Veloso e Melânia Silveira, que também participaram de vários espetáculos
produzidos por ele e W. J. Solha. O Coral Universitário da Paraíba, por sua
vez, cantava o repertório tradicional, música popular brasileira, além de
trabalhos inéditos. Com liderança, carisma e muita competência, Eli-Eri atraiu a
comunidade acadêmica, expandiu as atividades do Gazzi de Sá, que, por conta do
grande número de interessados, foi dividido em CORALUP I e II. Como regente
assistente desses grupos, e sob a orientação do maestro, participei de vários
eventos artísticos-culturais no estado e região, encontro e festivais de coros,
no Brasil e no exterior, dentre os quais o IX Encuentro Coral de Ateneo del
IES, na Argentina, cuja aventura narro na crônica Mas o meu pires é de porcelana.
Eli-Eri Moura é um
compositor de técnica apurada e gosto refinado, que se identifica com o canto,
razão pela qual sua escrita vocal é intensa, generosa, boa de se interpretar.
Muitas das suas peças são leves, a exemplo do ciclo Respingos,
baseado numa seleção de poemas do irreverente Paulo Leminsky. Outras são
mais dramáticas, como o Réquiem Contestado e Os
Indispensáveis, para solistas, coro misto, banda de rock e orquestra
sinfônica. O Réquiem para um trombone, escrito em
homenagem a Radegundis Feitosa, é lírico, dolente, repleto de poesia. Há também
aquelas mais engajadas, com forte caráter político, como o Credo
Explícito e a Missa Breve, esta última para tenor, coro e
quarteto de madeiras. O Salmo 150, assinado sob o pseudônimo de
Paulo Vinicius, e os arranjos de Sete cantigas para voar e Cio
da Terra são construções delicadas e preciosas.
Minha conexão com Eli-Eri
Moura vem de longas datas, tanto na sala de aula/ensaio quanto no palco, na realização de vários projetos. Ao longo desta convivência, aprendi e cresci muito.
Atualmente, ele dirige o Iamaká, uma camerata formada por cantores e
instrumentistas que tem se dedicado à interpretação da música seiscentista e
contemporânea. Suas obras ocupam lugar de destaque na literatura coral brasileira e
estão, indiscutivelmente, entre as minhas preferidas.
Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)
Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)
Um comentário:
Muito bom, Prof.Dr; Vladimir. Admirável! Tenho aprendido bastante ao acompanhar este informativo digital. Sem dúvidas esse é um meio bastante edificante, uma vez que lemos, passamos a perceber que o crescimento intelectual é uma construção cotidiana. Bravo e Parabéns para ti e ao Prof, Dr; Eli-Eri Moura pelas contribuições para o cenário musical.
Postar um comentário