A Fundação
Nacional de Artes e a Universidade Federal do Rio de Janeiro realizaram esta
semana o Seminário Música Popular
Brasileira Em Pauta. Realizado na Escola de Música da UFRJ, o evento contou
com a presença de representantes de várias regiões do país que trabalham com a música
em suas variadas configurações, incluindo ensino, pesquisa, difusão, produção, gestão e
preservação.
Nas mesas
redondas, tratamos do espaço que a música tem ocupado nas políticas públicas de
cultura, a música brasileira no contexto universitário, o intercâmbio
entre universidades e instituições culturais. Constatamos que temos caminhado numa
mesma direção, diminuindo as fronteiras do erudito/popular, inserindo essas duas
formas de representação do fazer/saber musical na academia, nas
agências de fomento à arte. Os relatos dos gestores Marcos Souza (Centro de
Música da FUNARTE), Elizeth Higino (Biblioteca Nacional), Mário Chagas (Instituto
Brasileiro de Museus), Ana Lígia de Medeiros (Casa Rui Barbosa), Cláudia Castro
(Museu Villa-Lobos) e Ellen Krohn (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico e Nacional) ratificaram o que já sabíamos, isto é, que a escassez de investimentos e a precarização de tais órgãos vêem gradualmente pondo em risco a preservação da nossa memória e identidade.
O clima
de apreensão marcou o encontro. O temor é que a ascensão da extrema direita ao
poder agrave ainda mais esse quadro, colocando em risco todas as conquistas dos
últimos anos, a liberdade de expressão. A análise dos programas de governo dos candidatos revela os retrocessos que estão por vir numa eventual vitória
desse grupo. Tirem suas próprias conclusões, confiram os dois projetos
disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (Fernando Haddad - Jair
Bolsonaro). Pesquisem, nestes documentos, palavras-chaves como diversidade, cultura,
arte, museus, bibliotecas, IPHAN, ANCINE e FUNARTE. Vejam quantas vezes elas
aparecem em cada um, o que dizem, quais as propostas, o que enfrentaremos pela
frente. Os discursos dos candidatos também denunciam o que eles pensam sobre
financiamento de projetos artísticos, sobretudo em relação à Lei Rouanet.
Na
diversa capital fluminense, realimentei a esperança em dias melhores, distantes
dessa sombra de medo, violência e atraso que nos ronda. Pensei nos meus filhos,
nos meus alunos, no meu papel enquanto educador, artista, cidadão, ser
político. Reencontrei velhos amigos. Renovei o compromisso, o engajamento na
luta por uma sociedade mais justa, livre, civil, sem o controle das forças
armadas. Ví que não estou sozinho. Andei por becos e vielas, pela Rua do Passeio e os Arcos da Lapa, contemplando
o contorno imprevisível das manhãs, das montanhas e do mar, dando asas à imaginação, num
Circo Voador, ouvindo Vanessa da Mata, com sua voz maviosa e desafiadora,
cantar-dizer que não se incomoda com pouco, que se cuida para não ficar amargurada, que não é do tipo que reclama e fica sentada. Vamos
à luta, Gente Feliz!
Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)
3 comentários:
Estamos felizes por sua visita à nossa cidade maravilhosa. Que dias melhores possam vir para todos, e que nossa música e nossa memória sejam preservados e divulgados.
Gde abraço!
Que felicidade. Avante Prof. Dr. Vladimir Silva, é só sucesso!
Esperança...
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