Durante a minha estadia em Manaus, além
de participar do Congresso da ANPPOM, trabalhei com o Coral do Amazonas, grupo
oficial do estado e que é formado por 64 cantores. A trajetória do coro, que já
foi regido por maestros brasileiros e estrangeiros, a exemplo de Zacarias
Fernandes, é repleta de grandes realizações, dentre as quais se destaca a
participação em mais de trinta montagens do Festival Amazonas de Ópera.
Os ensaios do ensemble, realizados de
segunda a sexta-feira, das 8h30 às 11h30, ocorrem num prédio suntuoso, o Centro
Cultural Palácio da Justiça, localizado no coração da capital, por trás do
imponente teatro. O dia-a-dia começa com a organização do espaço, sob a supervisão
de Cacilmara Pinto. Em seguida, o renomado tenor Juremir Vieira conduz a
preparação corporal e vocal. O maestro titular, Otávio Simões, conta
com o auxílio do regente assistente, Fabiano Cardoso, e do pianista Renan
Branco.
Para esta experiência, selecionei peças de compositores paraibanos, aqui nascidos ou radicados, englobando música sacra
e profana, nomes consagrados e em ascensão, composições a cappella e
com acompanhamento. A Missa Brevis N° 2 (Reginaldo
Carvalho, 1932-2013), escrita em 1954 e que contém apenas Kyrie e Gloria, foi interpretada integralmente pela primeira vez, porque o manuscrito do Gloria só fora descoberto e editado recentemente. O ineditismo do momento potencializou os aspectos emocionais da nossa performance, visto que o aniversário natalício do compositor ocorrera naquela semana. No campo sacro, apresentamos também Padre Nuestro (Eli-Eri Moura, n. 1965) e Santo! Santo! Santo! (Samuel Cavalcanti,
n. 1982). Na parte secular, começamos com Madrigal (José Siqueira, 1907-1985), uma livre
adaptação que fiz, preservando a parte original do piano. Do manauara Pedro Santos (1932-1986), que viveu muitos anos em João Pessoa,
cantamos Tema para assovio, que integra a trilha sonora do
filme Romeiros da Guia, uma produção de 1962 e que tem a assinatura
do cineasta Wladimir de Carvalho. Além da Cantiga (Manuel Bandeira e Reginaldo Carvalho),
inseri minha Guajira espúria, baseada num tema recolhido por
Mário de Andrade em suas andanças pelo Nordeste. Encerramos com Vamo
vadiá (José Alberto Kaplan, 1935-2009), um coco animado e cheio de
malícia. Deliberadamente, todas as peças da segunda seção, de algum modo, faziam referência à água,
unificando, dessa maneira, arte, natureza e vida, elementos tão abundantes
naquela região.
A minha curta temporada com esse seleto
conjunto profissional foi espetacular. O grupo, muito receptivo e aberto,
encarou os desafios musicais e vocais com grande habilidade técnica e
artística, ao longo dos ensaios e no recital, ampliando o seu repertório.
Por sua estrutura, proposta e qualidade, esse coro é uma referência no cenário
brasileiro, razão pela qual sinto-me honrado e feliz por ter tido essa
oportunidade única. Parabéns e muito obrigado, Coral do Amazonas.
Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)
sábado, 8 de setembro de 2018
quinta-feira, 6 de setembro de 2018
A UFCG como centro de pesquisa musical
Estive em Manaus-AM recentemente para participar do XXVIII Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM). Foi uma semana intensa, repleta de grandes realizações e conquistas. Ao meu lado, na comitiva da Universidade Federal de Campina Grande, estavam os professores Luís Passos e Jorge Ribas, bem como Adriano Sousa, Herbert Bezerra e Halley Chaves, compositores e ex-alunos do Bacharelado em Música. Estávamos lá para apresentar os vários artigos que produzimos nos nossos grupos de pesquisa e também adentrar no universo da pós-graduação. Essa ação foi importante e necessária, porque, nesse momento, estamos à espera do resultado da avaliação do projeto de criação de um Mestrado Profissional em Música, com foco em Criação/Produção Musical, Performance e Educação Musical, que submetemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES). Se aprovado, nosso programa deverá ser implementado em 2019, expandindo, assim, as possibilidades para a qualificação em nossa região.
Durante a assembleia geral do conclave, aprovamos os nomes das universidades que irão sediar o evento nos próximos dois anos. Em 2019, será na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), no Rio Grande do Sul, e em 2020, aqui, na UFCG. Lançamos a nossa proposta baseados em vários aspectos. Inicialmente, a localização da cidade facilitará a participação de um grande número de pesquisadores, professores e estudantes dessa parte do país. Atualmente, no Nordeste, temos cursos de Música, no âmbito da graduação e da pós-graduação, em várias universidades federais, incluindo UFMA, UFPI, UFC, UFCA, UFRN, UFPB, UFCG, UFPE, UFAL, UFS e UFBA; em algumas estaduais, dentre as quais UEMA, UECE, UERN e UEFS; e em vários institutos federais e instituições privadas. No caso específico da UFCG, nosso quadro docente conta com dezessete professores, 150 alunos regularmente matriculados na Licenciatura e no Bacharelado, além de vários grupos instrumentais e vocais, formados por docentes e discentes, todos com ampla atuação no cenário nacional e internacional.
Durante a assembleia geral do conclave, aprovamos os nomes das universidades que irão sediar o evento nos próximos dois anos. Em 2019, será na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), no Rio Grande do Sul, e em 2020, aqui, na UFCG. Lançamos a nossa proposta baseados em vários aspectos. Inicialmente, a localização da cidade facilitará a participação de um grande número de pesquisadores, professores e estudantes dessa parte do país. Atualmente, no Nordeste, temos cursos de Música, no âmbito da graduação e da pós-graduação, em várias universidades federais, incluindo UFMA, UFPI, UFC, UFCA, UFRN, UFPB, UFCG, UFPE, UFAL, UFS e UFBA; em algumas estaduais, dentre as quais UEMA, UECE, UERN e UEFS; e em vários institutos federais e instituições privadas. No caso específico da UFCG, nosso quadro docente conta com dezessete professores, 150 alunos regularmente matriculados na Licenciatura e no Bacharelado, além de vários grupos instrumentais e vocais, formados por docentes e discentes, todos com ampla atuação no cenário nacional e internacional.
O trigésimo encontro anual da ANPPOM, na UFCG, servirá para expandir, e ao mesmo tempo interiorizar e fortalecer, as ações da organização. Nos últimos cinco anos, os congressos foram realizados em São Paulo-SP (2014), Vitória-ES (2015), Belo Horizonte-MG (2016), Campinas-SP (2017) e Manaus-AM (2018). A experiência que temos na realização de eventos artísticos e acadêmicos e o apoio da administração superior da Universidade Federal de Campina Grande foram determinantes para a nossa propositura.
Finalmente, à semelhança do Festival Internacional de Música (FIMUS), que colocou Campina Grande na rota da música de concerto do país, a realização deste evento na Rainha da Borborema contribuirá para fortalecer nossas ações no campo do ensino, da pesquisa e da extensão e será fundamental na implementação e consolidação da pós-graduação em nossa instituição, inserindo, deste modo, a UFCG no grupo dos grandes centros de pesquisa musical do Brasil.
Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)
Marcadores:
Campina Grande-PB,
Educação,
Histórias da minha vida
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Quem sou eu

- Vladimir Silva
- Sou paraibano, natural de Campina Grande. Fui seduzido pela arte, pela música e pela literatura há muito tempo. Atualmente, leciono nos cursos de graduação e pós-graduação em Música da UFCG e da UFPB. Sempre estou aqui e acolá, regendo e cantando, ensinando e aprendendo, ouvindo e contando histórias. Meu perfil profissional completo pode ser acessado na Plataforma Lattes (CNPq): http://lattes.cnpq.br/5912072788725094