O Festival Internacional de Música Belkiss S.
Carneiro de Mendonça chegou à quadragésima segunda edição este ano. Promovido
pela Universidade Federal de Goiás, é, nesta categoria, o mais antigo do país
realizado de forma ininterrupta. Esta foi a terceira vez que tive a honra de
participar deste importante projeto, que traz para a cidade de Goiânia
estudantes e profissionais de diversas partes do Brasil e do mundo.
Na cerimônia de abertura, a professora Glacy
Antunes compartilhou conosco um pouco da história do Festival, destacando o
espírito empreendedor dos seus idealizadores, dentre os quais Dona Belkiss
Spencieri. O professor Edward Madureira, Reitor da UFG, destacou que, ao longo
dessas quatro décadas, as crises pelas quais o país passou ameaçaram a
continuidade do evento inúmeras vezes. No entanto, o engajamento daqueles que
fazem a Escola de Música e Artes Cênicas e o efetivo apoio da administração
superior da UFG foram determinantes para a continuidade do empreendimento.
Ao longo das aulas, ensaios e palestras,
reafirmei a necessidade de valorizarmos as oportunidades, de transformarmos o
limite em possibilidade, de assumirmos a tripla dimensão da nossa missão
profética, política e poética. Narrei um pouco da minha vida profissional,
conectando o início de tudo, quando tocava flauta doce no topo da goiabeira, e
a minha estreia no Carnegie Hall, ano passado, com a Missa de Alcaçus, de Danilo Guanais. Fiz paralelos entre o micro
universo da prática coral e a estrutura macrossocial, reiterando a força dos
nossos gestos nos dois contextos. Discuti os inúmeros aspectos da minha práxis
artístico-pedagógica, mostrando a importância de conceber a música para além da
frequência, do ritmo, da técnica. No que diz respeito ao repertório, selecionei
para esta temporada obras da literatura coral europeia e norte-americana. Meu
foco, contudo, foi a música coral brasileira. Para fugir do lugar comum, busquei
novas obras, dentre as quais É madrugada,
da carioca Stella Junia, e várias peças de compositores do Nordeste. O Padre Nuestro, de Eli-Eri Moura, e a Dança de Mariinha, de Beetholven Cunha,
foram interpretados pela primeira vez no país. Um dos destaques foi a suíte formada
pelo Tema para assovio, de Pedro
Santos, e a Cantiga, de Reginaldo
Carvalho com poema de Manuel Bandeira. O baixo-barítono Angelo Dias deu um show,
desta vez, assoviando.
Encontros como este são essenciais para a
divulgação da nossa produção musical e fortalecem nossos
cursos, permitindo o intercâmbio entre novos e conhecidos professores e artistas, expandindo os horizontes dos alunos. Parabéns às professoras Ana Flávia Frazão e Gyovana Carneiro, pela organização e direção deste belo Festival. Após uma semana tão intensa, volto para casa banhado pela luz do dia, profundamente grato por tudo e a todos, com a mala
repleta de novas experiências, pronto para continuar a caminhada.
Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)
Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)
2 comentários:
Professor Dr. Vladimir, muito obrigado por ter participado deste evento. Gostei muito de ver a sua regência, mesmo não compreendendo os movimentos, pois não sou um aluno de música e também não sou acostumado a ir em festivais de música, mas me senti maravilhado. Incentivou-me a buscar e adquirir maior conhecimento sobre a música coral.
Parabéns pelo trabalho e espero ouvir novamente a canção "A dança da borboleta", ainda não consegui encontrá-la navegando pela internet. Abraços!
Obrigado pela honra de ter uma obra minha interpretada pelo Sr maestro! Super abraço!
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