segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Coro de Câmara em São Paulo – Parte 2/3

O terceiro dia da turnê em São Paulo começou com uma visita à Escola Municipal de Música. Lá nos esperavam as professoras Sônia Albano, diretora da instituição, e Regina Kinjo, regente do Coro Infanto-Juvenil. Após a apresentação dos anfitriões, o Coro de Câmara interpretou cerca de dez canções. Para coroar o encontro, cantores, professores e plateia trocaram experiências enquanto o coquetel era servido.

No caminho para a EMESP, paramos no Mosteiro de São Bento, uma referência na arquitetura brasileira. A basílica é imponente, escura, ornamentada e possui um órgão de tubos que é usado frequentemente nos serviços religiosos e concertos. Contemplamos a obra sem pressa. Queríamos cantar naquele santuário. Como não era permitido fotografar e filmar, imaginamos que não lograríamos êxito no pleito. No entanto, o monge paraibano que nos atendeu autorizou-nos a cantar e também registrar aquele momento singular em nossa trajetória. Cantamos ao redor do altar, de forma introspectiva, a Ave Maria e As sete palavras da oração dominical, dois motetos de Reginaldo Carvalho.

Na EMESP, nosso concerto foi para uma plateia pequena, porém qualificada. Dentre os seletos espectadores estavam Thiago Abdalla, Fábio Ramazzina e Chrystian Dozza, membros do Quaternaglia Guitar Quartet, amigos do Festival Internacional de Música de Campina Grande. Curiosamente, ao final do concerto, alguém indagou-me publicamente sobre o nosso processo de trabalho e, mais particularmente, a sonoridade do grupo. Empolgado, falei das minhas convicções, que sou adepto do solfejo móvel e que prefiro cantar literatura originalmente escrita para coro, priorizando, sempre que possível, o repertório inédito, brasileiro e paraibano. Contei que o coro ensaia três vezes por semana e que divido o tempo disponível em várias etapas, incluindo técnica vocal e leitura à primeira vista, esta última usando os corais de Bach. Disse que acreditava na força educativa da prática coral e que procurava explorar diferentes sonoridades, afinando as notas e os formantes das vogais, buscando leveza e uniformidade. Convidei todo mundo para conhecer nosso trabalho in loco, assim seria possível saborear os elementos do Português Brasileiro falado e cantado no Nordeste do Brasil, e quem sabe dirimir qualquer preconceito, visto que nossas idiossincrasias não nos tornam nem maiores nem menores, nem melhores nem piores, senão únicos e diversos ao mesmo tempo.

Tendo em vista o cancelamento das atividades em São Carlos, reordenamos o cronograma do quarto dia. Muitos foram para a José Paulino, a Vinte e Cinco de Março e a loja Irmãos Vitale. Alguns passearam pelo Ibirapuera. Outros se juntaram na cozinha do Hostel, temperando a comida e a amizade. Ensaiamos no final do dia. Depois, partilhamos a sopa, o pão e as experiências, celebrando aquele instante e a vida.

Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com

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