No penúltimo dia da turnê em São Paulo, o Coro de Câmara de Campina Grande apresentou-se no Museu de Arte Sacra, uma construção secular na qual se insere o Mosteiro da Luz e onde vivem as Irmãs Concepcionistas. O concerto ocorreu no pátio interno, que tem excelente acústica, numa manhã ensolarada, com céu azul, algumas nuvens e vento brando. O som do coro reverberou nas paredes daquele monumento de taipa, que guarda um rico patrimônio da arte sacra e os restos mortais do primeiro santo brasileiro, Frei Galvão. Cantamos para um público acomodado sobre a grama, bem como para as monjas enclausuradas, que nos ouviam recolhidas no silêncio das suas celas, cujas janelas, protegidas por cortinas semicerradas, permitiam a passagem de uma estreita faixa de luz.
Na Cultura Inglesa, localizada no Brazilian British Centre, participamos da série de recitais do Centro de Música Brasileira, um convite da pianista Eudóxia de Barros. Nesta noite, abrimos com o Salmo 23, de Eli-Eri Moura, com a irretocável interpretação do pianista Paulo César Vitor. Do repertório secular destacaram-se Desafio, de Osvaldo Lacerda, e A cacimba, de Reginaldo Carvalho com poema de Zé da Luz, obra que arrancou risos da plateia. Durante o programa, comentei que estava celebrando 30 anos de trajetória musical e sobre a alegria de reencontrar, ao longo da semana e naquele recinto, pessoas importantes nesta caminhada, dentre as quais Marcos Júlio Sergl, Graças Reis, Djailton Carvalho e Samuel Kerr. Na recepção, após o concerto, brindamos com vinho, fato que alegrou ainda mais aquela noite, que, por conta do início do horário de verão e da nossa euforia, prometia ser muito curta.
O café amargo e com gosto de saudade não nos despertou do mundo dos sonhos. O ônibus chegou e lentamente carregamos as malas, partindo rumo à Igreja Batista da Vila Gerte, em São Caetano do Sul. Com o templo lotado, cantamos com força e fé, sorrindo e chorando, felizes pelo dever cumprido, tristes por conta da despedida. Um sentimento de gratidão, no entanto, tomou conta daquele espaço sagrado ao final da celebração-concerto, depois dos solos e das orações, quando emocionados entoamos com a congregação Como agradecer a Jesus, uma conhecida melodia do HCC.
Voltamos renovados e confiantes, sabendo que o caminho é este e que ainda há muito que trilhar até o próximo desafio, seja um novo repertório, empreendimento ou turnê, desta vez, no Rio de Janeiro, ano que vem. Meu agradecimento especial para o Coro de Câmara de Campina Grande, sem o qual nada disso seria possível, para a UFCG, a UEPB, a FURNE e o Instituto Cresce Campina, bem como todos os parceiros de São Paulo, que acreditaram e ajudaram a concretizar este projeto.
Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
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Quem sou eu

- Vladimir Silva
- Sou paraibano, natural de Campina Grande. Fui seduzido pela arte, pela música e pela literatura há muito tempo. Atualmente, leciono nos cursos de graduação e pós-graduação em Música da UFCG e da UFPB. Sempre estou aqui e acolá, regendo e cantando, ensinando e aprendendo, ouvindo e contando histórias. Meu perfil profissional completo pode ser acessado na Plataforma Lattes (CNPq): http://lattes.cnpq.br/5912072788725094
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