Todo músico sofre quando se depara com uma plateia despreparada, que se comporta de forma barulhenta, irrequieta, inadequada. Creio que a solução está na (re) educação do público, razão pela qual sugiro a inclusão, nos nossos próximos programas, de um roteiro com informações que conscientizem os ouvintes sobre a natureza do nosso trabalho.
É muito importante que o concerto comece na hora prevista e que o público chegue antecipadamente, com tempo para estacionar, comprar ingresso e ler o programa. Aqueles que chegam atrasados devem entender que o abrir/fechar das portas desconcentra os músicos e os outros ouvintes. Por isso, eles só devem entrar na sala de concertos durante os aplausos. O mesmo vale para aqueles que precisam sair antes do término da apresentação. Melhor seria que estas pessoas ficassem, discretamente, na última parte da sala, entrando/saindo sem serem notadas.
Ao entrar no teatro, todos devem desligar o celular, evitando deixá-lo no modo silencioso ou vibratório, o que poderá ser perigoso e embaraçoso, sobretudo se a pessoa tiver que atendê-lo. As pessoas precisam entender que, num concerto, o mais importante é a música, o som produzido pelos artistas, que passaram horas se preparando para aquele momento. Todo e qualquer outro som poderá comprometer a atuação dos intérpretes e a audição dos demais presentes, passando a ser classificado como ruído. Frequentemente, os ruídos que mais incomodam são: o murmúrio produzido pelas pessoas que tentam acompanhar a obra que está sendo executada; o abrir e fechar das embalagens de bombons e similares; o manusear dos programas de concertos; as conversas sussurradas; as tosses, os espirros e os pigarros da plateia. Tudo isso pode ser controlado. Tudo isso precisa ser evitado para não comprometer a compreensão do discurso musical, irritar as pessoas em derredor, estragar a gravação áudio-visual do espetáculo. Outra coisa que atrapalha bastante é quando alguém resolve filmar e/ou fotografar o espetáculo usando lâmpadas e flashes que alteram a luz do ambiente, ofuscando os músicos no palco. O pior é quando cinegrafistas e fotógrafos, mesmo possuindo equipamentos modernos e potentes, se aproximam do palco para capturar detalhes. Antes de fazer qualquer registro áudio-visual, certifique-se de que você tem autorização legal para tal finalidade.
O público também precisa aprender a aplaudir, respeitando as especificidades de cada obra. Geralmente, as manifestações de apreço, numa composição com vários movimentos, devem ser resguardadas para depois do último movimento. Por isso é tão importante familiarizar-se com o repertório e ler o programa antes do início do concerto. O processo de (re) educação da plateia é longo, lento e fundamental para a fruição estética em sua plenitude.
Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)
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