sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Rapadura é doce, mas não é mole.

Todo início de ano, leio, no primeiro ensaio, as regras que nortearão o trabalho nos meus coros. Esclareço para os participantes que o objetivo do grupo é desenvolver um trabalho à luz da teoria musical, solfejo, história da música e técnica vocal e que, para tanto, realizaremos aulas teóricas e práticas, assim como atividades individuais e coletivas com a meta de aprimorar a leitura musical e a qualidade vocal. Defino o local, os dias e os horários dos ensaios e informo que quaisquer mudanças serão comunicadas antecipadamente. Explico que não há tolerância para atrasos e aviso que os chefes de naipe anotarão os horários de chegada dos retardatários, cuja permanência na equipe será avaliada. Peço para que todos agendem as suas tarefas, resguardando os dias e horários dos ensaios e apresentações. Para evitar o improviso e os convites de última hora, marco os ensaios gerais e concertos do coro no início de cada semestre para assegurar a participação dos cantores em todos os eventos.

Peço a todos que, antes de falar, levantem a mão e aguardem pelo momento mais apropriado para interferir. Recomendo que eles tentem resolver os problemas sozinhos, pensando, olhando para a partitura. Se a dúvida persistir, aí, sim, devem pedir ajuda. Aviso que não quero ouvir opiniões e comentários inapropriados, intromissão no meu trabalho. Se julgar necessário, solicito sugestões. Exijo que os cantores venham para os ensaios com as partituras, lápis e borracha, pois quero que anotem as minhas observações. Eles precisam facilitar o meu trabalho, numerando os compassos, identificando o tom da música e marcando as respirações, que, geralmente, coincidem com a pontuação. Tudo isso tornará o ensaio mais produtivo, dinâmico e prazeroso.

Ensino que expressões como muito obrigado, com licença, desculpas, por favor e parabéns criam um ambiente de trabalho favorável. Explico que as minhas críticas são sempre técnicas, pois cantores são suscetíveis e, às vezes, pensam que se trata de questão pessoal. Comento a diferença entre participação e colaboração e revelo que a minha meta é trabalhar com pessoas independentes, que tenham iniciativas e ajam por conta própria.

Comparo as regras que estabeleço com aquelas encontradas nos tribunais, nos aeroportos, nos bancos, nos laboratórios. E antes que me acusem de autoritário, como certamente alguns já o fizeram, antecipo que estas normas nasceram da minha experiência cotidiana, razão pela qual não pretendo que sejam consensuais ou universais, visto que funcionaram e somente valem para os meus coros. Finalmente, enfatizo que as normas, apesar de duras, são necessárias porque nos permitem trabalhar com organização, disciplina, respeito, método e sistematicidade, ingredientes indispensáveis para a consecução de objetivos artísticos e educacionais qualitativamente decentes e elevados.

Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)

5 comentários:

Anônimo disse...

hum hum tu leu meus pensamentos ontem conde vlad ontem de noite eu estava explicando que o seu sucesso e o sucesso dos coros que passaram por sua regencia so aconteceu e acontecem por causa de tudo que vc descreveu acima e nao por meros trabalhos de 2 3 meses fetiso as pressas e de qualquer forma obrigado por esta reflexao
abraços
rodrigo

Aniele disse...

ta certo professor tem que ser assim mesmo !!!

Anônimo disse...

Se dá certo, então tá certo!

Moisés Shy Guy disse...

Duvido que o Coro em Canto de antigamente (pré-Vladimir) conseguisse seguir alguma regra... Mas a culpa não era dos passageiros, pois "alguns" queriam uma viagem ordeira, saudável e respeitosa (não todos); mas do motorista, que nunca conseguiu botar ordem no transporte ... agora sim, dá gosto de ver, principalmente depois da lição de Disciplina que eu presenciei na 1ª Igreja Batista no último domingo à noite!!!
relamente o Coro em Canto "agora" está de Parabéns!!!
Moisés Macêdo

Bianca disse...

Concordando com o o primeiro comentario, seus sucesso com os coros resultam de sua atitude...de seus conhecimentos...

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